quinta-feira, 1 de março de 2012

NOSSO MUNDO INDIVIDUALISTA


O óleo e o perfume alegram o coração; assim o faz a doçura do amigo
pelo conselho cordial. Provérbios 27:9
Outro dia, lendo a comovente história da amizade de Rute com sua sogra Noemi, deparei-me a divagar sobre os relacionamentos humanos em nossa época; no pouco espaço que temos para a construção de amizades genuínas, para expressões de carinho, para o desenvolvimento de um companheirismo desinteressado.
Num mundo competitivo, negociante, individualista, mostrar amor é um mau negócio, pois há sempre o pensamento de o outro vai se aproveitar, explorar, cobrar. Este tipo de conceito tem levado homens e mulheres, jovens e velhos a esconderem seus sentimentos, tanto os bons quanto os maus.
Antigamente era comum às pessoas esconderem as coisas más ou erradas que faziam, para manter uma imagem, hoje, todavia, escondemos também aquilo que é bom: Escondemos a ternura, o encantamento, o agrado em ver, em acariciar, em cooperar; escondemos a gentileza, a alegria, o romantismo, a poesia, sobretudo o brincar com o outro. Desistimos de compartilhar, de fazer amigos. As pessoas adotam uma postura defensiva e crítica e o comentário que mais ouvimos é: “ah! Se todos fossem compreensivos, corretos, educados, bem intencionados. Certamente mundo seria muito diferente”!
Essa é a frase que mais ouço nos meus contatos com amigos e irmãos em Cristo, especialmente cada vez que alguém se refere a uma falta que outro cometeu. Todas as pessoas que falam comigo parecem tão boas, compreensivas, amáveis e espirituais. “Ele não podia ter feito isso, não é coisa de crente”. O que há de errado com este pensamento? Nada! É a mais pura verdade! O que não dá para compreender é como há tanta maldade num mundo de gente tão boa.
É mais curioso ainda quando ouvimos as pessoas combatendo o egoísmo, criticando aqueles que não pensam nos outros. Faz-me lembrar um amigo meu, quando se queixava de solidão: “todo mundo só pensa em si, só eu que penso em mim”.
Naturalmente que a frase provocou riso entre os membros do grupo,  mas infelizmente essa é a realidade de hoje. Pessoas frustradas que não enxergam nada além de seu umbigo, razão pela qual vivem sofrendo com muitas dores de cabeça, úlceras, depressão, insatisfação pessoal, frustração.
As pessoas precisam aprender que o segredo da felicidade está em amar a Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo como a si mesmo (Mt 22.37-39).
A falta de Deus na vida tira da pessoa o foco principal de sua motivação, limita a capacidade de discernir o que pode ser bom ou mau e o resultado pode gerar em fracasso e frustração. Afastar-se dos amigos, ou nem ao menos preocupar-se em construir amizades, provoca solidão, angústia, desespero.
Chegando perto do Natal é importante pensarmos no valor da amizade, do companheirismo, da solidariedade entre irmãos. É tempo de pensar no outro e de refletir sobre a importância de mudarmos. Pensar exclusivamente em si, não tirar tempo para o outro, não é apenas uma expressão de egoísmo. É acima de tudo a causa de muito sofrimento pessoal. Jamais houve tanto problema de frustração, depressão, ansiedade, medo, baixa auto estima, como nos tempos atuais. E isso certamente é causado pela falta de associação com outras pessoas, falta de uma relação de camaradagem que expressa bondade entre os indivíduos.
Ninguém é uma ilha. Deus nos fez interdependentes porque dessa maneira podemos nos desenvolver adequadamente e com mais saúde emocional. 
Pensar no outro é terapia. Jesus ensinou: “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”, demonstrando que a doação mútua é construtiva, fortalecedora.
Quem tem amigos vai menos ao psicólogo, toma menos medicamentos e economiza dinheiro no lazer. Se queremos a felicidade, não devemos ficar esperando que o mundo melhore. Precisamos aprender que o verdadeiro “pensar em si”, o verdadeiro “amar a si mesmo” se completa na relação de mutua cooperação com o outro.
Nossa realização pessoal vem na proporção em que nos habituamos a pensar no outro como uma extensão de nossa vida. E, se todos pensarem assim, não teremos mais problemas de egoísmo e ainda estaremos sempre sendo ajudados, compreendidos, amparados por aqueles que pensam em nós na mesma forma que pensamos neles.
Precisamos aprender que o individualismo é mortal, e por isso a Biblia diz: “melhor é serem dois do que um, porque se um cair, o outro ajuda a levantar”. Talvez seja certo afirmar que pensar em si é o mesmo que pensar primeiramente no outro.

Pr. José Aldoir Taborda

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