Os tocadores de harmônica eram o atrativo da comunidade onde vivia um homem desejoso de tocar sua harmônica em público. Assistira a inúmeras apresentações dos capacitados expoentes de gaitas variadas e harmônicas caríssimas. Sonhava com uma chance.
Ele freqüentava assiduamente os grandes concertos musicais. Tinha suas emoções multiplicadas a cada acorde ouvido. Sua alma se deleitava, e até sentia “ciúmes” dos apresentadores que possuíam tanta habilidade.
Semana após semana e mês após mês, e a oportunidade não chegava para ele. Seu sonho continuava. Não se sabe se ele ensaiava ou praticava ao ponto de poder sair-se bem na hora em que surgisse sua vez.
Um dia, para sua surpresa, os músicos oficiais não compareceram. Olhava-se para todos os lados e ninguém estava apto a fazer a apresentação musical. O horário deveria ser preenchido com melodia harmoniosa; a sala era somente para tal finalidade. Era sua sonhada vez.
O mestre do cerimonial chamou o nome do músico não muito conhecido. Ele sentiu-se feliz. Caminhou para frente do auditório. Retirou sua gaita da caixinha bem ornada. Respirou fundo e cumprimentou seus seletos ouvintes.
Era o momento de ele demonstrar sua maestria musical. Deveria embriagar as pessoas com algo singular. Assim procedendo, cairia na graça do povo e seria convocado muitas vezes para se apresentar. Tinha de ser cuidadoso, pois dificilmente o chefe do cerimonial abria uma oportunidade para alguém.
Foi lamentável sua apresentação. Que pena! Na hora de empreender seu maior esforço e capacidade, ele desafinou. Tocou o que era desconcertante para o local e para os ouvintes. Suas notas saíram truncadas. Ele não soube aproveitar o tempo e a oportunidade recebidos.
Agora seu instrumento estaria “aposentado” por longo tempo novamente. Ninguém poderia fazer por ele o que só ele poderia ter feito. Depois de contemplar seus pares meses seguidos, ele perdera a chance de ser substituto deles.
As grandes orquestras não podem abrir espaço para amadores! Somente os devidamente preparados podem desenvolver a leitura das partituras propostas que trarão conforto aos presentes. As deformações impensadas e que não são propícias desacreditam o “músico” descuidado.
Cada um escreve sua história. Os demais a narram com entusiasmo ou com pesar. A fala é o instrumento do orador.
Do livro: PARÁBOLAS PARA LÍDERES IMITADORES DE CRISTO.
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